Divulgação da execução do Inventário do Patrimônio Cultural de Ibiraci – 2021

O Patrimônio Cultural é o conjunto de todos os bens, das manifestações culturais, das celebrações e das tradições tanto materiais quanto imateriais, que são reconhecidos por determinada comunidade por sua relevância histórica, cultural e identitária e, assim, adquire valor simbólico e merece ser preservado.
No ano de 2021 foram atualizadas as fichas dos bens a seguir, que constam no rol de bens inventariados em Ibiraci, além da realização de duas novas fichas de inventário.

Coreto. Área 1. Praça Coronel José Jacinto s/nº. BI. O Coreto inventariado foi projetado pelo paisagista italiano Giacomo di Giacomo e teve sua construção iniciada em 1924 e finalizada no ano de 1932. É um belo exemplar arquitetônico da primeira metade do século XX e forma um conjunto interessante na Praça Coronel José Jacinto e com a Capela de Nossa Senhora do Rosário. Pela sua relevância cultural e histórica o bem foi inventariado.

 

Imagem de Nossa Senhora do Rosário. Área 1. A imagem de Nossa Senhora do Rosário encontra-se na Capela Nossa Senhora do Rosário, construída em 1852 por escravizados da localidade de Ibiraci. A imagem foi adquirida durante o restauro da Capela, em 1998, na cidade de Aparecida do Norte, São Paulo. Durante a romaria à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o padre Norival Sardinha Filho ficou conhecendo o trabalho de um humilde entalhador da região, que havia falecido naquele mesmo ano. Ele havia deixado prontas três imagens, entre elas a de Nossa Senhora do Rosário. O padre decidiu então comprá-la, entretanto o seu valor era muito alto. Diante disso, os fiéis que o acompanhavam na romaria resolveram doar o dinheiro necessário para a compra da imagem. Como o culto a Nossa Senhora do Rosário permanece com grande vigor na cidade de Ibiraci, tanto a capela quando sua principal imagem, peça fundamental para as celebrações, são bens de grande valor simbólico e dada a sua importância no contexto religioso da cidade é que o bem foi inventariado.

Órgão de fole. Área 1. Capela de Nossa Senhora do Rosário – Praça Coronel José Jacinto s/nº. 2009. BM. O órgão de fole inventariado foi doado por Máximo Porta, que tinha como profissão a serralheria e que chegou em Ibiraci por volta do ano de 1910. Em 1930, com início da Revolução que culminou no Golpe de Estado, Sr. Porta passou a trabalhar somente em casa. Na época, os estados de Minas Gerais e Rio Grande do sul se uniram em um movimento armado afim de depor o presidente paulista Washington Luís, eleito depois da quebra da aliança entre políticos paulistas e mineiros, que até então se revezavam na indicação de candidatos para chefia do país. Foi nesse contexto, que o Sr. Máximo realizou a montagem e restauração do órgão da família, de origem francesa. Em 2005, sua neta Marisa Porta resolveu doá-lo à Capela de Nossa Senhora do Rosário de Ibiraci por questões afetiva, Devido à sua importância na proteção da história do povo de Ibiraci e por estar relacionado à devoção a Nossa Senhora do Rosário e presente nas celebrações é que o bem foi inventariado.

Pinturas do forro. Área 1. Capela de Nossa Senhora do Rosário – Praça Coronel José Jacinto s/nº. 2009. BM. O forro inventariado encontra-se na Capela Nossa Senhora do Rosário, construída em 1852 por escravizados da localidade de Ibiraci. Em 18/02/2008 a Capela foi tombada pelo Decreto 2.897. A atual pintura decorativa do forro apresenta três cenas, duas na nave e uma sobre o retábulo mor. A cena maior representa Nossa Senhora do Rosário carregando o Menino Jesus e entregando o rosário a São Domingos e a Santa Catarina de Siena, ambos santos dominicanos, ordem que desde o século XIII propaga a devoção a santa. A segunda cena, está situada sobre o coro e representa Santa Cecília, a padroeira dos músicos, junto de cinco anjos, sendo um deles um anjo negro, em alusão aos escravizados que construíram a capela. Todos na cena tocam instrumentos musicais. Ambas as pinturas apresentam uma moldura feita em madeirite pintada que é coberta com folhas de ouro. A última cena, presente sobre o retábulo-mor, apresenta uma pintura circular com o Tricordiano, que representa ladeados os Sagrados Corações de Jesus, Maria e José em chamas. Devido à sua importância histórica e na constituição da proteção da história do povo de Ibiraci e por tratar-se de símbolo da religiosidade do município é que o bem foi inventariado.

Altar-mor da Capela do Rosário. Área 1. Capela de Nossa Senhora do Rosário – Praça Coronel José Jacinto s/nº. 2009. BM. O Altar mor é parte integrante da Capela de Nossa Senhora do Rosário, bem importante para a história, a memória e a religiosidade católica de Ibiraci. A Capela foi tombada em 2008, pelo Decreto n. 2897. O altar é componente fundamental na composição da Capela de Nossa Senhor do Rosário e por seu valor histórico e religioso foi inventariado.

Túmulo do Capitão Antônio Dionísio de Lima. Área 1. Rua 6 de Abril s/nº (Cemitério Municipal). 2009. BI . O túmulo inventariado foi construído para o Capitão Antônio Dionízio de Lima, por encomenda de sua enteada, a baronesa O. Maria Amélia de Vacimon, por ocasião do falecimento do Capitão, no ano de 1898. Apesar de desconhecermos o nome do autor da obra tumular, sabe-se que ela foi realizada por um artista italiano então residente em Franca, no estado de São Paulo, à exemplo de diversos profissionais provenientes da Itália que se instalaram em solo paulista a partir de fins do século XIX e deixaram um enorme acervo de peças espalhadas pelos cemitérios brasileiros. Como o túmulo foi confeccionado em fins do século XIX, data em que o neoclassicismo ditava as tendências na produção artística brasileira, podemos reconhecer nos mesmos padrões da escultura clássica, como o rigor e a busca de equilíbrio. Seus elementos decorativos são contidos e há um forte referencial católico com a colocação de uma cruz no remate do túmulo. Pelo seu valor histórico, arquitetônico estilístico o bem fio inventariado e também tombado em 2009.

Marco Demarcatório N° 01 – Bem Móvel Integrado (BMI). Área 2. Rodovia MG João Traficante, KM 25. O “Marco Demarcatório Número 01” evidencia os conflitos históricos pela demarcação de terras no Brasil, especialmente entre Minas Gerais e São Paulo, entre os séculos XVIII e XX. Desse modo, o inventário justifica-se pelo valor histórico e representativo do bem para a comunidade de Ibiraci – MG. Disputas territoriais entre São Paulo e Minas Gerais prosseguiram por quase duzentos anos até 1936, quando durante governo do presidente Getúlio Vargas foi finalizada a disputa com a realização das demarcações definitivas. A relevância patrimonial do Marco Demarcatório N° 01 está presente mais fortemente em sua simbologia e representatividade história, embora o próprio marco, cravado em 1936, também seja relevante historicamente pela sua materialidade naquele mesmo local há quase cem anos.

Conjunto de Quadros dos Prefeitos de Ibiraci – Bens móveis (BM). José Limonti Júnior (1957 -) é um artista renomado e reconhecido em Ibiraci e na região Sudoeste de Minas Gerais, por sua obra artística, mas também por ser um pesquisador e defensor do Patrimônio Cultural e do Meio ambiente de Ibiraci e região. Sua obra é extensa e diz respeito a diversos temas, como narrado em sua biografia. O artista acredita ter pintado mais de 600 telas ao longo da vida. A maioria delas com temáticas sobre o município de Ibiraci, como é o caso do bem ora inventariado. A galeria de quadros formada pelo Conjunto de Quadros dos Prefeitos de Ibiraci – MG, pintada em 2006, possui relevância histórica, artística e estilística para a comunidade de Ibiraci. Os quadros contam a história das personalidades políticas que fizeram parte do legislativo municipal ao longo do século XX e no XXI e é um testemunho do saber artístico e estilístico do seu pintor. Pelos seus valores históricos, artísticos, culturais e estilístico que o bem foi indicado pelo Conselho do Patrimônio para ser tombado como Patrimônio Material de Ibiraci – MG e está sendo inventariado.
Realização:
Diretoria de Cultura, Turismo e Patrimônio com assessoria técnica da AME Cultura